Na mesa de cabeceira tenho cinco garrafas de cerveja vazias.
A pintora veio dormir a casa.
Dormiu bebida pelo fermento da cerveja e nos embalos dos meus braços.
Já acordou, não sorriu.
Nos seus sapatos rasos enfiou, em bico, os pés.
Na mão direita uma mala castanha que chocalha.
Uma mala presa aos dedos de unhas gastas, iguais aos das galinhas velhas.
Voltou à mesa de cabeceira.
Fiz-me de morto.
Guardou as tampas das bebidas e correu ansiosa.
Abria os braços para espalhar o resto do sono. Chocalhava a mala em jeito de guizo, bateu a porta, saiu.
A pintora já não pinta, colecciona santos de barro e faz-lhes chapéus com cápsulas de cerveja.
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