Com saudades dos beijos agudos
dos cotovelos e das frescas nádegas nuas,
a cadeira arrepiava-se fria.
A rainha viajou,
a rainha foi-se embora.
Na cabeceira da cadeira os meus olhos.
Nos seus pés, de ouro velho, a minha bába.
Aqui para nós,
assim como só os ramos perdidos nos rios
viajam sempre mortos.
A rainha perdeu-se por outro reino, por certo.
Sem rainha as entesoadas revoluções já se foram.
Já não se repetem as batalhas de cuspo de ontem,
nem o batido de suores nas bandeiras patrióticas onde nos enrolamos,
não me falará mais das viagens que me fez,
nem do nome dos donos das nódoas das almofadas do coche,
que, por sinal, fincava sempre arreio no monte onde lhe comi os pêssegos.
A rainha arrastou-se pelas suas novas ruas,
foi-se-me embora despida do coche, da bandeira, de mim.
Hoje, tal como todos os reis de voláteis impérios, perdi a coroa.
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