Tenho-me sempre a pensar no espaço que existe entre a cama e a janela. Nesse sempre, aparece-me à ideia o anjo mais estranho que alguma vez conheci. Um anjo enviesado de olhar agudo que parece nascido de um ovo. Um anjo que desagua nas praias onde nadei, nas que não conheci e que às escondidas sacode o mal das penas. Um anjo que besunta sempre o bico como se preparasse a um estudado ataque rapina.
Não suporto o mistério das suas aparições entre a minha cama e a janela.
Ainda que me dissesse que vou ser pai, preferia-o branco e em forma de pomba.
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