24/06/09

De manhã o sol não entrava pela janela como era costume. As nuvens rasteiras andavam por ali a espreitar, pelas redes enferrujadas, os galinheiros e os ovos frescos. Por ali, ao contrário das noites, os dias não costumavam ser tão bonitos.
O colchão ainda estava quente das esfregadelas havidas na noite anterior. Húmido, mas não totalmente húmido que fosse resultado de ter levado alguém a entrar na glória dos orgasmos.
Teriam sido interrompidas as finais erupções leitosas quer do cliente quer da filha da caseira?
Em forma de estrela, por trás do pipo grande, uma pequena porta secreta prendava pela sua passagem todos os clientes como o tesão que faz qualquer osso ranger de ansiedade. Para um buraco transformado em quarto, de braço dado, Marta arrastava consigo, pela porta em estrela feita, um casto pecador. Era a entrada no céu. Um céu onde o prazer e os temperos da carne eram acima de tudo os brindes mais requintadamente oferecidos. Sem necessidade de qualquer chave a filha da caseira tornava-se amor desde a entrada até se despedir do casual amante com um beijo. Um céu de madeira, embebido em sabedoria e testosterona, onde o deus e senhor era uma mulher que abria bem as pernas. Não se julgava nem mais nem menos puta que as outras putas todas, no entanto, não se condenava em absoluto pelos afazeres a que se propunha, fazia-se mais luminosa por cada ida àquele céu. Dada a internacionalização do poder da sua abertura de ancas e do interesse em ser mais feminina que a Marilyn Monroe aprendeu a falar inglês e a calcular o diferencial entre as taxas de juros activas e passivas dos grandes bancos europeus. Marta, por visitar o céu várias vezes ao dia, era a mais bela e amada mulher feita na terra.

1 comentário:

Micaela Maia disse...

Estimado/a Bifidus,

Parabéns pelo estilo solto e despudorado. As suas noites parecem mais belas do que os meus dias :).

Peço desculpa por invadir o seu blog, mas temos aparentemente um seguidor em comum que responde pelo nome de Rui Serrano. Se acaso o conhecer ou se ele vir a ler esta mensagem engarrafada, deixo o meu e-mail para que ele possa contatar-me e voltar a poder entrar no meu blog "elasoqueriaserarrebatada", que está de momento com o acesso condicionado.

Cá vai,
micaelamaia@gmail.com

Muito agradecida pela atenção e votos de continuação sensualista, que os seus textos delicadamente sugerem.

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