A irmã que nunca tive é escura,
não tem braços nem pernas,
não tem peito nem colares,
não tem brincos, nem pérolas,
nem orelhas como as mulheres que vivem dentro de carros bonitos.
A irmã que nunca tive mora dentro de uma caixa com pouca luz. Tem o pescoço e a cara preta
e olhos, nem eu sei se os tem.
Quando quer companhia,
pela boca saem-lhe nuvens negras que embacia e
lhe engrossa os fios do cabelo.
Quando chego perto, a minha irmã nunca me reconhece. Agasalha-se no preto da sua capa
e continua parada como o alcatrão das estradas.
Nunca nos rimos, nunca passeamos juntos em nenhum dos caminhos,
nem mesmo um abraço demos nas mais dolorosas despedidas.
Hoje, comprei uma caixa maior,
pintei-me de preto.
Dormiremos e sonharemos juntos, por certo,
enquanto esperamos que me caiam os membros, se feche a minha boca e em negro me cerrem os olhos.
3 comentários:
Bom, nao sou grande conhecedora de poesia, gostei muito desta, mas tiraria os dois ultimos versos, ficam muito explicativos, tiram parte do encanto da sua irmã... deixa ela misteriosa...
Bom trabalho :)
Muito bonito o poema! :)
gostei muito...
estou a seguir o blog ;)
M(S)
[link]http://o-meu-mundodalua.blogspot.com[/link]
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